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Ciencia, COVID-19, Editorial, Política, Saúde — 30 Xullo, 2021 at 9:30 a.m.

Os debates subjacentes

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Covid-19 não é apenas uma crise de saúde, mas afeta várias áreas da vida social. Embora essa crise tenha começado como uma crise de saúde, rapidamente se tornou social, política e econômica. Não há ordem de vida que esta crise não tenha tocado. É também uma crise planetária cujo alcance ainda não podemos compreender adequadamente. Aind que a resposta inicial à crise tenha ocorrido por meio dos sistemas de saúde, a única forma de enfrentá-la é reduzindo a demanda no próprio sistema de saúde, cortando as cadeias de contágio para que os sistemas de saúde não rebordem. Isso levou ao distanciamento social e ao congelamento da economia monetária. Ao contrário, a economia não monetária, aquela que se desenvolve de forma não remunerada, principalmente no âmbito doméstico, pulou e está mais demandada do que nunca. O congelamento das economias monetárias leva rapidamente à suspensão dos contratos de trabalho, à redução das horas, à perda da capacidade das pessoas de gerar renda. Não estamos todos no mesmo barco. A crise da saúde alicerza, portanto, numa enorme desigualdade e poder anteriores duma forma que ainda não podemos avaliar. Entre essas,  gênero e termos socioeconômicos são divisórias importantes da desigualdade. A essas somam-se moitas outras desigualdades ligadas à origem, etnia ou migração. Se os governos estivessem preocupados com o déficit de atendimento apenas um chisco do que se preocupam com o déficit fiscal que essa crise gera, estaríamos em melhores condições para transformar essa situação e atender às demandas de atendimento com esforço mais coletivo.

Aquén e além Europa, os índices de feminilidade da pobreza, os vieses de gênero das políticas fiscais, as disparidades salariais por gênero e raça / etnia e a divisão sexual e internacional do trabalho mostram que as políticas públicas implementadas continuam sendo limitadas. As políticas de desenvolvimento, fiscais, de emprego e sociais, sem uma abordagem sistêmica baseada nos direitos humanos das mulheres, tendem a perpetuar e reproduzir a desigualdade de gênero, ao invés de revertê-la. A crise associada ao coronavírus gera o congelamento da economia monetária e o esforço excessivo da economia não monetária e doméstica. Covid-19 mostra a desigualdade nas tarefas domésticas entre homens e mulheres e mostra a falta de sistemas públicos de atendimento. Há uma necessidade de aumentar os debates subjacentes, todo o que já estava lá e é exacerbado pola covid-19, aqueles que a política tem evitado ao colocar-se por trás da autoridade científica.

A ciência aprénde-nos cousas novas cada dia que, conforme experimentamos durante a turbulência da pandemia, geram um desamparo que nos obriga a acreditar nela, como antes era feito com as crenças que prometiam a redenção. A prioridade dada à pandemia no sistema hospitalar causará uma vaga de doenças que agora estão silenciadas, mas irão aparecer mais adiante, nos vindeiros meses. Há que com a desculpa da pandemia, induz o esquecimento de que a discriminação é estrutural nas nossas sociedades (com pandemia ou não) e que esse debate deve ser permanente. Por exemplo, o certificado de saúde não pode ser discriminatório, rompe com a reação de alguns médicos que sempre encontrar as restrições insuficiente.

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