off
Oriente Médio e Norte da África, Politica internacional — 14 Outubro, 2023 at 5:09 p.m.

Assimetria dum conflito que esconde o pano de fundo da ocupação colonial de terras

by

Os milicianos do Hamás invadiram o muro e o centro da vedação da Faixa de Gaza no seu ataque “surpresa” de há uma semana. Em poucas horas, entraram em várias aldeias israelitas vizinhas e invadiram também uma rave onde centenas de moços celebravam um festival, deixando um total de 1.200 israelitas mortos e milhares de feridos.  Também desde aqui condenamos sem a menor reserva.a violência cometida polo Hamás. Os crimes do Hamás não podem ser justificados atribuindo-os ao comportamento passado de Israel. Uma má ação não pode ser encoberta por uma má ação anterior. Não hesitar em qualificar como ataques bárbaros que atingiram o sul de Israel no dia 7 de Outubro não impede de ser severo com as autoridades israelitas e alertar para a tragédia que já começou em Gaza. Mas não será  a minha única condena. Porque o conflito israelí-palestino não começou no passado 7 de outubro, nem pedir-lhes que parem de bombardear civis não é ser pró-Hamas.

A resposta de Israel tem sido o bombardeamento constante da Faixa de Gaza, atingindo mesquitas, edifícios residenciais, hospitais e escolas. Portanto, não há simetria possível. Esta operação é moito mais mortal que a de  2014 .É por isso que Israel não deixa a imprensa entrar. Se a falta de simetria há décadas é bem conhecida, a resposta do Estado de Israel tem sido descomunal, como infame é a resposta da Uniao Europeia torcendo pola massacre neste momento com a Ursula von der Leyen á frente. Perante isso, não é suficiente indignar-se e condenar quer Hamás, quer Israel. Décadas de ocupação e por ter abandonado nos últimos anos qualquer tentativa séria de fazer a paz com o povo palestino, mina a credibilidade do Estado de Israel, cada vez mais guiado polo sionismo e polo fanatismo religioso ao estilo do Hamás, caminho de se tornar uma teocracia. Face ao apartheid e ao colonialismo imposto por Israel à Palestina, a tarefa de construir a solidariedade internacional  também não está ao alcance duma Europa cada vez mais sequestrada da sua fasquia colonial de braço dos Estados Unidos e da extrema direita.

Face ao apartheid e ao colonialismo imposto por Israel à Palestina, a tarefa de construir solidariedade internacional   não está ao alcance duma Europa cada vez mais sequestrada da sua fasquia colonial de braço dos Estados Unidos, a extrema direita neoliberal e supremacista e a da industria militar e a naturalização belicosa como única opção.

Para aqueles que alegam o direito inequívoco de Israel se defender, o que os leva a acreditar que desta vez, utilizando os mesmos meios desproporcionais de décadas atrás, a resposta militar indiscriminada contra a população civil detida em Gaza será apropriada? Isso resolveu o problema subjacente? Se a população civil em Gaza é bombardeada alegando que o Hamas está lá, porque onde não está, como na Cisjordânia, os civis palestinos continuam a morrer? Que significado adquire aqui o velho significante “armas de destruição massiva”? Ao bombardear alvos civis em Gaza, estará Israel a tentar levar a população desesperada a rebelar-se contra o Hamás? Não é precisamente isso que as chamadas organizações terroristas fazem? Todos nós temos os governantes que merecemos? A indignação não pode ser naif e presentista. Mas poderia ser entendido, dado que nos dias que se seguiram ao início da carnificina, os meios de comunicação occidentais ofereceram pouco contexto à violência.

No território que era até então o protetorado britânico da Palestina, Israel proclamou o seu Estado em 1948. A população palestina foi deslocada em massa para dous enclaves: Gaza e Cisjordânia, que Israel ocupou em 1967. Jerusalém tem um estatuto internacional ao abrigo do direito internacional, mas tanto os israelitas como os palestinianos consideram Jerusalém como a sua capital oficial, onde se encontram monumentos sagrados tanto para os judeus como para os muçulmanos bem como para os cristãos. Mas, na prática, a cidade está dividida entre o lado israelita, a oeste, e o lado palestiniano, a leste. Tel-Aviv é a capital administrativa de Israel e Ramallah a da Cisjordânia. A capital da Faixa de Gaza é a Cidade de Gaza. Para se ter uma ideia das dimensões do territorio em disputa, podemos compará-la à Galiza. Israel (20.770 quilómetros quadrados) é  mais pequeno do que todo o território da Galiza (29.575 quilómetros quadrados). Gaza tem 365 quilómetros quadrados, o que equivaleria ao Ribeiro, com a diferença de que a comarca galega tem 407 quilómetros quadrados e 15.808 habitantes e a Faixa de Gaza tem 2,2 milhões de habitantes. A Cisjordânia, que é lixeiramente mais grande que Pontevedra, alberga 3,19 milhões de palestinos( meio milhão mais do que toda a população da Galiza), mas este território assemelha-se cada vez mais a uma tora roída pola traça .

Para aqueles que alegam o direito inequívoco de Israel se defender, o que os leva a acreditar que desta vez, utilizando os mesmos meios desproporcionais de décadas atrás, a resposta militar indiscriminada contra a população civil detida em Gaza será apropriada?Isso resolveu o problema subjacente?O que será diferente desta vez?

Por sua vez, a partir da Faixa de Gaza, diferentes facções palestinianas têm disparado rockets contra cidades israelitas, algumas perto de Telaviv e também a sul de Jerusalém. Esta violência israelo-palestiniana causou mais vítimas civis israelitas em poucos dias do que em toda a história do conflito o que dá uma ideia da assimetria do conflito. Do lado palestiano, a última invasão terrestre do exército israelita, em 2014, em represália polo rapto de três adolescentes israelitas polo Hamás, provocou 2.329 mortos em 49 dias.

Prisão a céu aberto, luta de classes e discurso pan-árabe 
Rente o mar mediterráno, a carão da fronteira egípcia, situa-se a Faixa de Gaza, que se tornou uma prisão a céu aberto. Durante quase duas décadas, a Faixa de Gaza esteve engarrafada e quase completamente bloqueada. Foi amplamente comparado a uma prisão ao ar livre.  Israel e os Estados Unidos tentaram selar Gaza, isolando os seus quase 2 milhões de residentes numa pequena e empobrecida faixa de terra. Washington e Tel Aviv pensaram que isso lhes permitiria manter o Hamás à distância.Em vez disso, apenas transformou Gaza numa colónia penal sobrelotada, onde os líderes  mais radicalizados e violentos acabaram por ganhar o control. O resultado foram assassinatos em massa e tomada de reféns.

Dos 2,2 milhões de palestinos que aí vivem, mais de 1,5 milhões são refugiados que Israel empurrou para a região aquando da sua fundação. Uma vedação de arame farpado rodeia toda a Faixa, agás no norte, onde existe um muro de cimento. Israel controla todos os pontos de passagem, agás Rafah, que liga a Faixa ao Egipto, sob controlo egípcio com supervisão da UE. Gaza está sob um bloqueio que afecta a entrada e saída de pessoas e bens desde 2007, quando o governo do Hamás foi estabelecido na sequência da sua vitória eleitoral. Desde 7 de outubro, todas as entradas estão fechadas, a população não pode sair e está  presa dum bloqueio total, sem fornecimento de eletricidade, combustível, alimentos ou água.Porque deixar a população civil ucraniana sem eletricidade é um crime de guerra e deixar os palestinos em Gaza sem eletricidade é um castigo merecido?O facto de o Hamas ter sido o partido mais votado nos territórios palestinos ocupados em 2006 justifica a punição colectiva de todos os palestinos?

Os protestos em massa de 2018-2019, conhecidos como a Grande Marcha do Retorno, Israel respondeu com balas de franco-atiradores israelitas.Qualquer tentativa de simplesmente protestar contra a injustiça do cerco foi proibida.

Há quinze anos, Israel impôs um cerco hermético à Faixa de Gaza. A história do cerco é frequentemente apresentada de jeito bem diferente. Para uns, é um ato desumano de punição colectiva; para outros, é um mal necessário para que Israel se proteja do chamado terrorismo palestino. Tempo de abondo para que toda uma geração crescesse sob cerco e lutasse agora pola sua liberdade.Esta geração, nascida e criada após a imposição do cerco, viveu pelo menos cinco grandes guerras devastadoras, nas quais aqueles que eram crianças, como eles, juntamente com as suas mães, pais e irmãos, foram os principais alvos e vítimas.Os protestos em massa de 2018-2019, conhecidos como a Grande Marcha do Retorno, Israel respondeu com balas de franco-atiradores israelitas.Em vez disso, apenas transformou Gaza numa colónia penal sobrelotada, onde os líderes de gangues mais radicalizados e violentos acabaram por ganhar o controlo. O resultado foram assassinatos em massa e tomada de reféns. Mozos  palestinos  só conheceram a guerra, o cerco e a necessidade de protegerem-se uns aos outros.Também aprenderam a sobreviver, apesar da falta de todo na empobrecida Gaza, incluindo água potável e cuidados médicos adequados. Pouco se tem dito sobre a luta de classes como chave do conflito israelo-palestino enquanto processo de colonização.E é aqui que esta geração se cruza com a do Hamás ou da Jihad Islâmica Palestina e o  discurso pan-árabe. Que alternativa lhes deixou Israel? Ao contrário da OLP laica, parece que moitos dos líderes e activistas do Hamás estão preocupados sobretodo com as suas fantasias de um além celestial como os sionistas obcecados com a apropriação duma “terra prometida” por um deus arcaico para um “povo escolhido” que, como tal, também na práctica e com o poder dum estado  militarizado com a ajuda de tecnologia de vanguarda  procura a não existência do Outro sobre aquela forma sofisticada de colonialismo de asentamento baseado em milhares de amputações (uma horta, uma casa reduzida a escombros por pás, um muro de arame farpado que divide aldeias e cidades tornando impossível a vida quotidiana) e numa guerra psicológica que desumaniza deevagarinho. Porque é que Israel fai a guerra contra o povo palestino? Os palestinos não merecem viver em paz e prosperidade na sua terra natal?

A Faixa de Gaza está a preparar-se para uma provável invasão das forças israelitas em resposta à ofensiva sem precedentes do Hamás no passado sábado. Esta sexta-feira, o governo de Benjamin Netanyahu, que admitiu que isto é apenas o começo, lançou um ultimato de 24 horas para evacuar o norte da Faixa, desencadeando um êxodo em massa de palestinos que procuram ir para o sul e vivem num ninho de rato.

O pano de fundo imediato do atual surto de violência são os tratados de paz assinados entre Israel e vários Estados do Golfo, e o esperado tratado de paz entre Israel e a Arábia Saudita. A ideia era que este tratado não só serviria para normalizar as relações entre Israel e a maior parte do mundo árabe, mas também para aliviar algum do sofrimento de milhões de palestinos que vivem sob ocupação israelita e reiniciar o processo de paz israelo-palestina.

Terrorismo? O que acontece quando um Estado transgride o direito internacional e viola sistematicamente os direitos humanos?

Até 2008 Nelson Mandela era um terrorista, segundo os EUA.. A Frente de Libertação Nacional da Argélia contra a colonização francesa foi terrorista? Conta o contexto em que se desenvolve a ação violenta? Conta quem a pratica e quem é a vítima? Quando é terrorismo e quando é legítima autodefesa?Uma imensa parte do mundo árabe não concorda com os postulados islâmicos, mas com a sua natureza de resistência armada contra o Estado de Israel num contexto de colonialismo de assentamento e global que vai além do Oriente Médio. É uma questão de ultrapassar os desequilíbrios herdados do sistema colonial. E o Palestina e o Sul Global também não é monolítico. Laqueur di que o terrorista de um era o combatente polaliberdade do outro.

Confiscos de terras, detenções, demolições e manobras legislativas que estabeleceram o control total israelita. Entretanto, a divisão entre as facções políticas palestinas tornou-se mais profunda. A solução dos dous Estados estava a tornar-se fisicamente inviável e a de um Estado binacional impensável do ponto de vista ontológico.

No seu artigo 4º do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, o Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas declarou que os Estados não poderiam “sob nenhuma circunstância” invocar o estado de emergência “como justificação para actos que violem o direito humanitário ou normas imperativas”. do direito internacional, por exemplo (…) a imposição de punições colectivas”. O que acontece quando um Estado transgride o direito internacional e viola sistematicamente os direitos humanos?A punição colectiva é um crime de guerra e o governo espanhol é cómplice.

No seu artigo 4º do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, o Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas declarou que os Estados não poderiam “sob nenhuma circunstância” invocar o estado de emergência “como justificação para actos que violem o direito humanitário ou normas imperativas”. do direito internacional, por exemplo (…) a imposição de punições colectivas”. O que acontece quando um Estado transgride o direito internacional e viola sistematicamente os direitos humanos? Uma ação militar de grande envergadura num território repleto de civis é uma legítima defesa ou é um ataque difícil de classificar como um ato de resistência? Porque é que deixar a população civil ucraniana sem luz é um crime de guerra e deixar os palestinos em Gaza sem luz é um castigo merecido? Não são todos civis? Não estão todos protegidos polas normas internacionais? As vidas das vítimas civis têm sempre o mesmo preço? Que perspetiva têm os palestinos se não há negociações sérias há mais de vinte anos e se o território que deveria ter-se tornado um Estado foi encurralado de tal forma que não seria viável como Estado independente? Enquanto a extrema-direita e os fundamentalistas levam a melhor, a comunidade internacional acendeu mais lume e permitiu que os ódios viscerais se instalassem, e ninguém se pergunta onde estão as vozes que pensam numa paz justa. Porque o contínuo assentamento de colonos  extremistas fascistas está a dominar um governo de extrema direita embriagado com a vontade de se vingar dos palestinos

Regime de vigilância e violência constantes:“estado de apartheid”?

Como foi dito, também desde aqui condenamos sem a menor reserva a violência cometida polo Hamás. Mas não será  única condena. Também nos opomos a opor-nos a algo sem compreender o quê (aconteceu recentemente com a guerra na Ucrânia). Porém, nem a história da violência israelita contra o povo palestiniano, recorrendo a raciocínios morais distorcidos, também não serve. Em julho de 2022, o ministro sul-africano  Naledi Pandor, instou as Nações Unidas a declarar Israel um “Estado do apartheid”. Com a invasão da Ucrânia pola Rússia, Pandor interrogou-se sobre a razão pola qual as capitais ocidentais nem sempre aplicam os mesmos princípios do direito internacional.

A violência perpetrada por Israel contra os palestinos é maciça. Desde  bombardeamentos incessantes, matança de pessoas de todas as idades nas suas casas e nas ruas, tortura nas prisões israelitas, técnicas de fome em Gaza, expropriação radical e contínua de terras e vivendas,.detenções arbitrárias em postos de controle militares, desde separações familiares forçadas até assassinatos seletivos, os palestinos são forçados a viver em um estado de morte impredecível que abrange a ameaça de detenção sem julgamento ou a intensificação do cerco a Gaza para privar os seus habitantes de água, alimentos e medicamentos E esta violência, em todas as suas formas, é cometida contra um povo submetido a um regime colonial e ao apartheid, um grupo que, privado de um Estado, não tem cidadania. Quando e como o sistema colonial e o poder dos colonos acabarão? A resposta dada pelo Hamás, embora ainda compreensível, não é o caminho a seguir.Para além de condenar os crimes gratuitos, queremos criar um futuro em que este tipo de violência não ocorra mais? Perguntas como esta vão além da condenação imediata que, embora necessária, é insuficiente.

Quando a contextualização não serve para exonerar

Nos anos imediatamente após a desastrosa invasão do Iraq polos EUA em 2003, Bush redobrou o seu empreendimento no Médio Oriente ao proclamar que queria espalhar a democracia por toda a região. Por isso, pressionou pola realização de eleições em Gaza sem pensar bem, tal como fez no Iraq. O Hamás ganhou o poder em Gaza depois das eleições de 2006, deixando o território palestino mal dividido entre Gaza e a Cisjordânia, onde o Fatah, um inimigo ferrenho do Hamás, permaneceu no comando.Nessa altura, a política israelita era cada vez mais dominada por líderes de direita. Depois do início da segunda Intifada, em 2000, a esquerda israelita entrou em colapso e a maioria dos israelitas abandonou o seu apoio à solução de “dois estados”, segundo a qual Israel concordaria com a criação de um Estado palestino independente. Em vez disso, Israel isolou-se. Construiu muros e expandiu assentamentos judaicos na Cisjordânia, ao mesmo tempo que bloqueava Gaza. A administração Bush, ansiosa por agradar aos cristãos evangélicos de direita pró-Israel e, simultaneamente, conquistar os eleitores judeus americanos para o Partido Republicano, pouco fixo para impedir Israel de erguer as suas pontes levadiças. A assistência externa a Gaza cessou enquanto os EUA impunham sanções à Autoridade Palestina devido à ascensão do Hamás ao poder.Os evangélicos acreditam que a Bíblia os obriga a apoiar Israel e que a criação do estado de Israel em 1948 foi o cumprimento da “reunião” dos judeus predita biblicamente. Também acreditam que a Bíblia di que os judeus continuarão a governar Israel até o retorno de Jesus, portanto Israel deve continuar a existir até o “Arrebatamento”, que ocorrerá após a segunda vinda de Cristo.  E se os evangélicos apoiam Isreale isso significa que o Partido Republicano também e pressiona ao demócratas, que temem  que os judeus deixem a sua antiga casa política no partido.Nenhum deles está disposto a desafiar os governos de direita de Israel e a sua recusa em relançar negociações sérias sobre um Estado palestino.

A Faixa de Gaza controlada por Hamás tornou-se um pária internacional. Obama inicialmente tentou relançar as conversas de paz israelo-palestinianas, mas pouco resultou dos seus esforços antes de também as abandonar.Trump ignorou os palestinos enquanto argalhava os chamados Acordos de Abraham, nos quais os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Sudão e Marrocos concordaram em reconhecer Israel.Biden tentou inseir também a Arabia Saudita. Mas os acordos são baleiros não abordam o estatuto dos palestinos e  ganharam pouco apoio popular no mundo árabe. 

Podemos continuar a ser bem-intencionados e dispensar a retrospectiva necessária: a história da criação do Hamás pós-Oslo, o desespero dos habitantes de Gaza por terem sido privados do seu direito a um governo autónomo, a história do próprio povo palestiniano , das suas aspirações à liberdade e ao direito à autodeterminação, do seu desejo de serem libertados do domínio colonial e da violência militar e prisional permanente. Assim, se o Hamás se dissolvesse ou fosse substituído por grupos não violentos que aspiram à coexistência, poderíamos participar na luoia por uma Palestina livre. Não é suficiente condenar.Experimentámos que a tentativa de contextualizar a invasão russa de Ucraina foi extremamente problemática para moitas pessoas. E não deveria, a menos que nos contentemos com a indignação moral naif e anti-intelectual, especialmente quando a contextualização não serve para exonerar.

Os horrores dos últimos dias têm mais importância moral do que os horrores dos últimos sessenta anos? A reação moral do momento,  ameaça impedir também a compreensão das injustiças radicais suportadas por tanto tempo polos palestinos deslocados  à força.

Olhar em volta. Que os galegos olhem para os seus meios de comunicação públicos e privados e deduzirão que não explicam os horrores que os palestinos têm vivido desde as últimas décadas, os bombardeamentos, os assassínios, os ataques e as detenções arbitrárias.Se La Voz de Galicia e a CRTVG entenderam que Gaza está ocupada, ou se falamos dela como uma “prisão ao ar livre”, teriam proposto uma interpretação mais abrangente. Seria alegada a indignação expressa polas suas linhas editoriais e pola maioria dos comentadores, para continuarem teimando numa visão única das cousas? Não nos oferecem um quadro interpretativo quando falam abertamente sobre a “guerra” entre Israel e o Hamás enquanto mostram desrespieto por saber quantos adolescentes palestinianos foram mortos na Cisjordânia e em Gaza este ano ou durante todos os anos de ocupação?

Sim, também foram cometidas atrocidades contra pessoas que não são como nós.Quando se afirma que os palestinos são “animais”, como repete o racista Netanyahu e os israelenses representam o povo judeu, como disse Biden, o que se transmite é que só eles merecem ser pranteados e lamentados. Eis a linguagem na su faceta de deshumanização do outro:o colonizador representando os colonizados como animais.Podemos assumir as formas do racismo colonial? Ainda que não tenhamos total certeza moral, essa não pode ser a forma de lidar com infame historia de injustiza. Dominação colonial, mas chamam-lhe uma ordem internacional baseada no direito.

Grazas por leres e colaborares no Ollaparo !

Este sitio emprega Akismet para reducir o spam. Aprende como se procesan os datos dos teus comentarios.

off