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Política, Politica espanhola — 6 Abril, 2021 at 10:33 a.m.

Morreu Julen Madariaga: fundador da ETA e o primeiro a dissolvê-la

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Nas suas memórias. En honor a la verdad (Pol·len Edicions,2021)  e no livro de  2007 Madariaga. De las armas a la palabra (RBA) de Antoni Batista, há evidências de que Madariaga defendia o fim da violência quando isso era anátema para a ETA, e ajudou a fundar o Aralar- cisão pacifista da esquerda nacionalista fundada por Patxi Zabaleta e agora integrada ao EH Bildu – que defendia a libertação nacional das posições de esquerda, mas do diálogo  da democracia emprazada.

Iulen de Madariaga Aguirre foi um dos homens senlheiros da história recente de Euskal Herria. Contribuiu de forma decisiva para a fundação da ETA, em pleno regime de Franco, e foi o primeiro a começar a acabar com ela, no início dos anos 90, no momento em que saía de seu derradeiro treito de prisão. Passar 60 anos na penitenciária de Fresnes, nos arredores de Paris, deu a medida de uma vida da que não desistiu. O regime de Franco explodiu sua casa  em Bakio, metralhou um Peugeot pensando que ele estava indo para lá e prendeu-no em Carabanchel depois de passar “pelas mãos e pés” – disse ele – do temível comissário Melitón Manzanas. A arma que o matou – a primeira vítima da organização, em agosto de 1968 – foi mercada por Madariaga no mercado negro belga, e o depoimento explicando a “execução” foi escrito por ele mesmo. Madariaga tinha um doutorado em dereito por Cambridge. Tão teórico quanto  homem de ação, sua influência nos primeiros anos de ETA foi decisiva, junto com  Krutwig e Txillardegi. Vinha de uma família do PNB, seu pai era parente de Lehendakari Aguirre e um de seus consultores mais próximos Em sua antiga mesa de escritório de advocacia,Antoni Batista, foi elaborado o primeiro esboço do Estatuto da República de Estella, e em sua mesa seu filho Iulen redigiu os primeiros textos doutrinários da ETA. Passou dois anos na prisão, condenado por pertencer à quadrilha terrorista e, ao sair foi favorável ao abandono das armas e garantiu que perderam a luita pela autodeterminação.

ETA é uma história labirintica, sobre a qual algo pode ser dito com certeza: a Espanha franquista e a democracia espanhola, com todas as suas deficiências e misérias, não podem ser explicadas sem ela. Para ver como o discurso crítico na Espanha se confunde com a repetição de lugares-comuns mesmo aqueles de nós que não compartilhamos a subsunção espanhola não se preocuparam em saber nada sobre a ETA, além da repetição de alguns automatismos gerados por preconceitos e moita exudação ideológica. Após uma década do anúncio da cessação definitiva das ações armadas da ETA, ainda não sabemos nada, ou moi pouco, dos feitos que, junto com os da Guerra de Espanha, condicionaram a nossa história. Como cidadãos espanhóis – pelo bem ou pela força –  o nacionalismo espanhol a transformou num desenho chocante de heróis imaculados e vilões sanguinários, com uma retórica caspenta que se retroalimenta e acabou sendo a história oficial, elaborada principalmente pelo PP- PSOE. e engolida sem nuances pelo PCE,  nas augas conciliares do muinho de Guadalajara (aceitação da coroa e da bandeira e renúncias doutrinárias que a  outros não exigiram, pactos de Moncloa), entre outros de nova fasquía.

O ataque Hipercor e seu encontro com uma das vítimas vão desencadear a mudança de paradigma e avançar para a independência com novos referentes éticos e políticos, entre outros, o Procés catalão.

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