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Obituário, Pensamento, Portugal — 1 Decembro, 2020 at 1:24 p.m.

Morreu Eduardo Lourenço, professor, ensaísta e filósofo português

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Um dos ensaístas mais marcantes  das últimas décadas em Portugal. Tinha 97 anos e era membro do Conselho de Estado

Eduardo Lourenço concluiu a licenciatura em 1946, com uma tese sobre “O Sentido da dialética no idealismo absoluto”. Foi Leitor de Cultura Portuguesa nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, em Montpellier e no Brasil, e veio a fixar-se na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas. Foi também conselheiro cultural da Embaixada Portuguesa em Roma.

É autor de mais de 40 títulos, tendo desde sempre “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares.

Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, na Beira Baixa. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, tornou-se assistente e publicou “Heterodoxia” em 1949.

Algumas das principais obras são “O Labirinto da Saudade” e “Fernando, Rei da Nossa Baviera” e, de entre os diversos prémios que recebeu destacam-se o Prémio Camões (1996) e o Prémio Pessoa (2011). Tinha diversas condecorações em Portugal e em França.

Foi precisamente a sua célebre obra “O labirinto da saudade”, uma “psicanálise mítica do destino português”, como diz o subtítulo do livro, que mais o catapultou como autor. Mas é apenas um das mais de quatro dezenas de títulos que compõem sua vasta bibliografia. No ano seguinte, passou a lecionar como assistente e colaborador do professor Joaquim de Carvalho e, em 1949, com apenas 26 anos, reuniu parte da sua tese de licenciatura no primeiro volume de uma obra intitulada “Heterodoxia”, “um dos mais nobres e perturbantes discursos ensaísticos de toda a nossa história literária”, como a classificou o professor e ensaísta Eugénio Lisboa.

Antes disso, em 1944, Eduardo Lourenço começara a colaborar com a revista Vértice, publicação em que se estreou com o poema “Aceitação”, um prelúdio de “Heterodoxia”. E foi com “Crónicas Heterodoxas” que colaborou também com o Diário de Coimbra, publicação histórica da cidade onde conviveu com o escritor Vergílio Ferreira e onde viria a ser associado a uma determinada forma de existencialismo, influenciado por filósofos como Heidegger, Nietzsche, Husserl, Kierkegaard e Sartre, e pela leitura de escritores como Dostoievsky, Kafka e Camus.

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