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Editorial, Movementos sociais, Portugal — 25 Abril, 2020 at 10:12 a.m.

25 de Abril, quando tudo parecia possível

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Em todo lugar as pessoas pensam que foi o Grândola, Vila Morena, de José Afonso mas alguns dizem que a canção que serviu de primeira senha radiofónica para o arranque das operações militares “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho a primeira senha da revolução. Mas  às zero horas, vinte minutos e 18 segundos do dia 25 de Abril de 1974, no programa “Limite”, da Rádio Renascença, foi transmitida a “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, senha definitiva para o arranque das operações militares que conduziram ao fim do regime então liderado por Marcelo Caetano. De acordo com o jornal Diário de Noticias à mesma hora, este 25 de Abril, 46 anos depois, a Plataforma Já Marchavas publica na sua página do Facebook a canção cantada e interpretada por vários portugueses que enviaram um vídeo para esta plataforma.Porque este 25 de abril é vivido nas redes sociais e nas janelas

Traz outro amigo tambémCedeira,2019

 

Portugal, pela primeira em 46 anos o 25 de Abril não se vive nas ruas. Devido à pandemia de covid-19, as comemorações oficiais do 25 de Abril  — em que a Revolução dos Cravos derrubou a ditadura do Estado Novo — foram canceladas. Perante a hipótese de que os mais velhos devem manter-se em quarentena até novembro, em entrevista ao Diario de Notícias, Manuel Alegre, “o histórico socialista não aceita uma interrupção e explica porquê nesta entrevista, mesmo que essa não seja a única preocupação: “Não posso ver filhos e netos há várias semanas.” E acrescenta: “nunca esperei viver isto. Fiz a guerra, estive preso e dez anos no exílio, foi muito duro, mas era a minha luta. Tinha 20 e tal anos e muita vida à minha frente…Há uma grande preocupação em proteger os mais idosos, mas não aceito que essa proteção signifique prender-me em casa. Já não tenho tempo para isso, nem eu nem muitos outros. Interessa-me a vida enquanto puder vivê-la como ela é. Quero ver crescer os meus netos e sabemos tomar as precauções, até autoconfinar, mas o confinamento obrigatório além de certos limites equivale a uma prisão, é inconstitucional e um atentado à liberdade.” 

Abril institucionalizou a coragem da democracia através da prática e criou uma nova identidade para a Europa.A imagem histórica da revolução sem armas está associada a Portugal, que substituiu a peneira da censura pelo cravo da liberdade, da poesia e da música

O aparente desabafo de Alegre expressa a preocupação de não poucas pessoas em todo o mundo. Não é em vão:  o aniversario comemora  um caso raro, senão único, na história mundial, de derrube pacífico de uma ditadura pelos militares.Nada como o que aconteceu no reino da Espanha que arrasta a infame história da chamada Transição, como afirma Rafael Cid, hoje palpável no “atual governo composto pelo PSOE e Unidas Podemos, a estrela coroada, com sua militarização tola da crise, contribuiu para diminuir as capacidades da sociedade civil”.

Nunca é de mais lembrar que a democracia tem de acreditar nas pessoas, e na cultura democrática que só elas podem perpetuar abaixo-acima.”Sim, foi para isto que se fez o 25 de Abril” – e “isto” é “a liberdade, a democracia e a paz”, sentenciou Vasco Lourenço, o coronel que foi capitão do Movimento das Forças Armadas na Revolução dos Cravos

É evidente que também nós podemos dizer que estamos insatisfeitos, por isso: 25 de abril sempre!

 

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