Um dos grandes . Um autêntico mito da música moderna, ícone do Brasil, cantor e guitarrista que, com sua voz característica, marcou uma época inteira. Arruinado e doente, seu final foi triste, em sua casa no Rio de Janeiro. Endividado e com problemas familiares foi assim que seus dias terminaram, aos 88 anos, o mito que revolucionou a música brasileira, o membro mais perfeccionista e admirado da bossa nova.Em 2018, ele foi forçado a deixar seu apartamento no Leblon, sul do Rio de Janeiro. Há apenas um ano, Gilberto venceu uma disputa legal contra a gravadora EMI, hoje incorporada pela Universal Music. Um tribunal do Rio de Janeiro ordenou à Universal que devolvesse o compositor os royalties pela venda de discos que lhe foram devidos em 1964.
De fato, João Gilberto é considerado o pai da ‘bossa nova’, um ritmo que exportaria ao redor do mundo e que se tornaria um emblema nacional. Em 1958, a canção ‘Chega de saudade’ e o álbum homônimo deram abertura de um gênero que emergiu do samba, uma destilação de seu ritmo de percussão que só podia ser tocado com um violão. Ele aprendeu a ser autodidata, mas foi precisamente seu estilo com este instrumento e sua voz baixinha que lhe rendeu sucesso. A música de ‘Chega de Saudade’ foi composta por seu colaborador Tom Jobim e as letras de Vinicius de Moraes, mas ele popularizou-a. O álbum todo é o pilar fundador da ‘bossa nova’: Gilberto reinterpretou sambas e canções populares dos anos 30, mas com novos arranjos. O álbum incluiu ‘Garota de Ipanema’, interpretado por sua primeira esposa, Astrud Gilberto, a música que daria mais fama ao gênero.
De Juzaeiro no estado da Bahia, o cantor e guitarrista levou a ‘bossa nova’ o mundo com seus álbuns, o já mencionado ‘Chega de saudade’ (1959), ‘O amor, o sorriso e a flor’ ( 1960) e ‘João Gilberto’ (1961), entre outros. Foi ele quem consolidou o gênero na década de 60, abriu o mundo da música brasileira e foi referência mestre e músicos como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, inspirados pelo ‘Chega de saudade’. Ele influenciou “toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores”, disse Tom Jobim. Músicos de jazz americanos como Stan Getz também adotaram esse estilo: ‘Getz / Gilberto’ (1963) é um dos discos de jazz mais vendidos da história. Com o Brasil como ponto de partida, “Amoroso” foi gravado nos Estados Unidos com o rótulo Warner Music na década de 70, excursionou pela Europa e foi aplaudido em todo o mundo. Estabeleceu-se em Nova York até 1979, quando retornou ao Brasil. Interpretava pouco, mas cada show em seu país foi um sucesso. Ele gostava de se apresentar sozinho, de terno e gravata, com apenas um banquinho e a guitarra.É que os desafinados também têm um coração